18 de novembro de 2015

Histórias de casa: este apartamento celebra o jeito de viver urbano


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Hoje em dia espaço não é problema para a designer de acessórios Andreza Magalhães e para seu marido, Ildefonso Abad, porém eles sabem muito bem o que é viver em poucos metros quadrados. Antes de conseguir comprar um apartamento com jeitinho de loft em Pinheiros, o casal dividiu os cômodos apertados de um imóvel com apenas 44m² que ficava na mesma região. Ao todo foram quatro anos (muito felizes, diga-se de passagem) nesse primeiro endereço até que os dois sentiram que era hora de encontrar um lugar maior para receber os amigos e a família com mais conforto.
Nessa mesma época, Drê e Sito, como são conhecidos pelos mais chegados, descobriram um prédio surpreendente e charmoso durante um passeio de bicicleta pelo bairro. A rua tranquila, as árvores ao redor e a fachada original, que os fez lembrar as construções de Greenwich Village, em Nova York, os conquistaram logo de cara, mas havia um pequeno problema: aqueles apês provavelmente estariam muito acima do orçamento do casal. Após um tempo criando coragem eles resolveram arriscar e começaram a investigar valores. A primeira negociação não vingou porque o proprietário estava irredutível no preço, porém a sorte logo lhes sorriu novamente quando outro apartamento foi colocado à venda alguns andares abaixo. Dessa vez as coisas dariam certo!
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O lado de fora estava dentro das expectativas, mas a parte interna do apê precisou passar por diversas alterações até ficar da forma como Drê e Sito sonhavam. Talvez a mudança mais significativa tenha sido o deslocamento da cozinha, que deixou a área social para ocupar o antigo quarto de empregada. Integrada à sala através de uma porta de correr, ela não é a protagonista do espaço, porém também foi desenhada com carinho e sem dúvidas torna a rotina dos moradores mais prática. Graças à nova disposição, o casal pôde criar uma enorme mesa de jantar na entrada da casa – o que deixa bem claro que “quanto mais amigos, melhor”.
Com gostos parecidos, Andreza e Ildefonso já sabiam que queriam uma decoração urbana inspirada na estética dos lofts, tanto que as tão famosas casinhas de vila nunca os atraíram: “O modo de vida que um loft propõe combina perfeitamente com o que consideramos ideal para nós”, comenta ela. Além dos ambientes abertos e bem iluminados, outro fator que reforça esse clima são os revestimentos. A ideia dos moradores era ter paredes de tijolinho, mas como o prédio foi erguido recentemente eles tiveram que comprar modelos usados e aplicá-los sobre a alvenaria existente. Por um tempo o acabamento foi mantido em seu tom natural, no entanto atualmente ele se alterna entre preto e branco.
O trecho em preto fica próximo à cozinha e também é o local onde o ar-condicionado foi fixado. Originalmente branco, o modelo ganhava um destaque desnecessário sobre o fundo escuro, então a alternativa encontrada pelo casal foi desmontar o aparelho e pintar sua parte externa com tinta automotiva. Apesar do trabalho, eles amam o resultado. E olha que podemos dizer o mesmo do piso de madeira de demolição. Andreza brinca que sua instalação causou uma verdadeira revolução no condomínio: “Era serragem caindo pelas janelas, pelo vão do elevador, por todos os cantos. Quase fomos expulsos antes mesmo de nos mudarmos!”.
Desde 2008, quando Drê e Sito passaram a ocupar esse endereço, outras transformações vieram – principalmente após a chegada de Nina, a filha do casal, mas esse já é um assunto para o Capítulo 2 da história.
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Ao contrário do que acontece com muitos casais – onde a mulher resolve a decoração praticamente sozinha – o apartamento de Drê e Sito tem a personalidade dos dois estampada em cada canto. Ele, aliás, é apaixonado pelo tema, do tipo que vasculha a internet frequentemente atrás de inspirações. Além de sempre pesquisar quais são as melhores lojas e museus relacionados ao assunto, sua participação nas escolhas do apê é enorme. Já que seu emprego não envolve criatividade, Ildefonso aproveita para extravasar a imaginação na própria casa e às vezes até arrisca um projetinho faça você mesmo.
Apesar do olhar treinado para o design, os moradores são guiados pela emoção. Pouco importa se uma peça é nova, velha, cara ou barata, o que vale mesmo é o quanto ela “mexe” com eles e o que pode traduzir. Tanto que a maioria dos móveis foi comprada por ocasião, enquanto os dois garimpavam por aí sem saber ao certo se uma coisa iria combinar com a outra. Como os itens antigos foram vendidos junto com o apêzinho em que o casal morava antes, eles puderam começar tudo do zero – apenas o sofá foi reaproveitado após uma reforma e a troca do revestimento. “O bom da nossa casa é que não nos guiamos por regras. O buffet que hoje está na frente da parede de tijolinhos pretos, por exemplo, era o trocador da Nina quando ela era bebê. Já o compramos pensando em reutilizá-lo um dia.”, conta a designer.
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Bem no coração de Pinheiros, onde tudo pode ser feito a pé ou de bicicleta, Andreza, Ildefonso e Nina se divertem no apartamento leve e despojado, onde o lúdico sempre tem vez e as transformações são constantes – desapegados, eles mudam as coisas sempre que sentem vontade ou necessidade de mudar. A parede principal da sala, cheia de lembranças e pequenos achados, é uma das provas mais nítidas disso.
Quase como se tivesse vida própria, o apê tem cheiros, barulhos e cores peculiares: é a música constante de fundo, o cheirinho de café que se espalha pela sala, as risadas de uma criança que está descobrindo o mundo, os estalos das tábuas no piso, a máquina de escrever que fez parte do casamento, as criações da moradora espalhadas pelos ambientes… O que realmente traz aquela sensação acolhedora de lar é o conjunto da obra.

Fonte: http://historiasdecasa.com.br/2015/07/06/sangue-urbano-capitulo-1/

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